Artigos

Pro Humanitas

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Nesta seção o INSTITUTO PRO HUMANITAS disponibiliza textos e artigos elaborados por nossa equipe com o objetivo de expor ideias e conceitos, divulgar novas técnicas e discutir temas atuais que digam respeito ao desenvolvimento humano.


Com estes textos queremos estabelecer um diálogo mais profundo com você que está interessado em conhecer mais a fundo nossos valores e ideais!


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07.08.2013

A importância de se planejar

Vorneis de Lucia


Vamos tentar entender a nossa cidade no que diz respeito à importância de se planejar, sem perder de vista o principal protagonista – você, morador.


Uma boa cidade tem que conter tudo o que o homem necessita, pois é nela que o homem desenvolve a sua vida social.


Quando o poder público olha para a cidade tem por obrigação enxergar as necessidades que o ser humano tem para poder viver dignamente.


O urbanismo não pode seguir uma linha puramente racionalista, perdendo a beleza e a humanidade da cidade que tornam agradáveis a sua forma de viver.


A finalidade da cidade é proporcionar ao homem uma vida agradável. É a cidade para o homem e não o homem para a cidade.


Para planejar uma cidade tem que se levar em consideração não somente a construção de pontes e passarelas, mas também os espaços culturais, o lazer, a natureza, o belo, pois o ser humano necessita de coisas que nem sempre são consideradas úteis para exercer o seu papel social.


A supervalorização do útil justifica a morte de um rio que passa no meio da cidade, em nome do tecnicamente necessário escoamento do esgoto.


Será que os nossos representantes políticos estão efetivamente preocupados com o planejamento da cidade ou perdem o seu tempo com disputas limitadas à reforma do já existente? Tapou-se o buraco, colocou-se a lâmpada, etc.


Neste momento entra o papel da sociedade civil organizada. Quando se articula, constitui-se a “opinião pública”, ou um conjunto articulado de opiniões dos cidadãos sobre as questões comuns.


Quando estas opiniões se fazem ouvir através de iniciativas privadas constituídas dentro de critérios éticos e democráticos, alcançando as necessidades comunitárias, elas se somam ao poder público e fazem surgir o caminho que evita as decisões arbitrárias.


Como podemos ver, o ato de governar não é uma forma isolada de exercer o poder. A política é a arte de dirigir a cidade para o bem estar comum. O bem estar se identifica através da opinião pública.


O político tem a obrigação de desenvolver um modelo de cidade que atenda às necessidades de sua população.


A partir de um projeto, ele consegue planejar todas as atividades e os recursos necessários.


A cidade ideal não pode sair da cabeça do político, mas sim do coração do povo.

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10.07.2013

Turismo Rural: uma conquista real para o desenvolvimento econômico do Brasil

Vorneis de Lucia


“Atrás da porta tem a rua?”. Foi com essa expressão de surpresa que meu filho aos três anos me indagou quando mudamos de um prédio para uma casa no interior do Estado. Ele estava acostumado a morar num condomínio e viver suas emoções de criança através da tela da tevê e dos jogos dos computadores. Seu universo, que se restringia àquele local e à escola, passou a ser muito maior quando ele percebeu que atrás da porta tem a rua e tudo de surpreendente que ela tem a oferecer. É da mesma maneira que enxergo a porta que se abre para um Brasil ainda desconhecido - o Brasil Rural. Todos falam das praias e da potência das metrópoles brasileiras. Essas despertam a atenção de turistas e pessoas do mundo todo por sua beleza comprovada, mas representam apenas 30% do nosso território. Portanto, temos inexplorados cerca de 70% que são áreas eminentemente rurais e nunca exploradas pelo turismo. Mas isso vai mudar. 


O grande desafio é mostrar ao proprietário rural que ele pode ser muito mais do que um produtor agrícola que vende sua produção para grandes redes de supermercados ou pequenos varejos. Ele pode compartilhar esse espaço e conhecimento que tem, ao receber visitantes em sua fazenda, sítio, criadouro, para permitir às pessoas um retorno ao contato com as coisas da terra, que são tão surpreendentes quanto a beleza de nossa orla marítima e tão magníficas quanto as nossas metrópoles. Porém, não há preparo ou sequer idéia do que se possa fazer para que esse segmento rural também seja economicamente ativo enquanto espaço de turismo e lazer. 


O Turismo Rural deve ter como proposta o retorno à vida campesina, poder visitar a plantação, andar por ela, ver como se colhe, como se planta, conhecer o sistema de controle de pragas. É um universo só conhecido por quem trabalha com isso, mas pode e deve ser explorado enquanto turismo rural. Há algumas exigências para que a propriedade possa ser considerada como pólo de turismo rural. A primeira delas: que o turismo não seja considerado como fonte de renda complementar, mas como outro negócio, que merece atenção, infraestrutura adequada e profissionalismo; obedecer às normas ecológicas, pois ninguém quer visitar uma propriedade degradada, ou que degrade o seu entorno;  a propriedade deve estar baseada nos conceitos de agricultura ‘sustentável’; a proposta socioeconômica deve ser “porteira pra dentro e porteira pra fora”, afinal, um empreendido dá certo quando o seu entorno cresce com ele. Outro ponto de fundamental importância está na defesa da cultura local, o estilo de vida, a gastronomia, a música, as danças e o folclore, patrimônio do qual devemos nos orgulhar e permitir que o turista participe. 


É bom esclarecer que aqui não estamos falando de turismo ecológico, turismo de lazer ou turismo de aventura. Todos esses tipos de turismo poderão ser explorados dentro do conceito de Turismo Rural, que é a possibilidade dos proprietários de terras, aqueles que criam peixes, gado, etc, abrirem suas portas para receber as pessoas, gerando emprego e renda. 


O Brasil é rico. Tem uma biodiversidade tremenda. Portanto, é absolutamente injusto engrandecer a orla brasileira apenas. É injusto que os nossos jovens só conheçam através da televisão, de sua sala com o ar condicionado ligado, a beleza da vida rural ou o esplendor de nossas florestas. Para não sermos mais expectadores de imagens, desta realidade virtual e parcial, mas sim partícipes desse espaço real, é que precisamos abrir as porteiras. Dentro de cada porteira tem um Brasil para você conhecer. 

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01.07.2013

Planejamento Urbano

Vorneis de Lucia

Muitas vezes eu me pergunto: Você já se questionou a respeito da diferença entre o engenheiro, o arquiteto e o urbanista? Vamos fazer uma pergunta ainda mais intrigante: Quem deveria ser o responsável pelo planejamento urbano de uma cidade?


Percebe-se em muitas prefeituras a dificuldade em se definir os responsáveis pelo planejamento urbano, interferindo politicamente nas decisões ou se deixando influenciar pela especulação imobiliária.


O planejamento urbano é responsável pela visão de futuro que queremos de nossa cidade, ou seja, é pensar a cidade estrategicamente, permitindo um processo permanente de discussões e análises das questões urbanas junto à sociedade que é a parte interessada.


Qualquer planejamento tem como princípio as seguintes etapas: Diagnóstico, Prognóstico, Propostas e, por final, a Gestão Urbana. No primeiro item temos como atividade primeira a pesquisa de campo, que através de metodologia própria tem por objetivo a coleta de dados para, em seguida, se proceder a análise destes dados. Desta forma se encaminha para os demais tópicos até a finalização do plano de ação para a Gestão Urbana.


Durante o processo de discussão para elaboração ou adequação do planejamento, a sociedade organizada, os conselhos municipais e o legislativo têm papel predominante, para que o executivo seja municiado de informações que nortearão o seu papel na Gestão Urbana. Desta forma podemos dizer que temos um trabalho com legitimidade, pois o futuro de uma cidade pertence ao munícipe. O político, quando eleito, não recebe um cheque em branco que lhe dá o direito de fazer o seu gosto e desejo, ou se posicionar como o dono da verdade, como se a sociedade não tivesse competência para decidir a sua vontade enquanto cidadãos.


Um governo verdadeiramente democrático não interfere e não se choca ou se contraria diante das diversidades de opiniões. De forma profissional, administra e apóia o desenvolvimento das opiniões através de profissionais capacitados e munidos de metodologia apropriada.

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23.06.2013

Estado mínimo e Estado máximo

Vorneis de Lucia

Vivemos momentos históricos na política brasileira onde o povo toma consciência dos diversos papeis que o governo tem em suas vidas. Mais uma vez o povo brasileiro assume o seu papel consciente como partícipe que influencia as mudanças de rumo do governo. Estamos vivenciando o amadurecimento da democracia, com uma transição de estado neoliberal para estado neo-social.


A história, diferente do que algumas pessoas imaginam, não trata de fatos físicos ou naturais particulares e contingentes, mas de fatos humanos, ou seja, fatos nos quais a liberdade intervém. Vivemos o momento dos valores antropológicos, onde o bom governo deveria priorizar mais as pessoas que os prédios, onde o salário e a qualidade de vida estejam em primeiro plano, mais do que as inaugurações de prédios vazios.


A transição para o neo-social que estamos vivenciando traz uma nova pergunta que não podemos deixar de fazer: O Estado, que antes professava um papel mínimo, não será substituído pelo Estado máximo intervencionista, semelhante aos modelos autocráticos do passado?

Acredito que não, pois o povo brasileiro toma consciência de que ele é o principal protagonista na construção da história política de seu país. No âmbito internacional também podemos constatar estas mudanças históricas, tais como os distúrbios no mundo árabe. Fica evidente o estado de direito em que vivemos.


O Estado neo-social é uma luta da defesa da liberdade de expressão, da justiça social e da democracia, onde o povo, com a sua suprema legitimidade de partícipe, se expressa e interfere na defesa do bem comum, enquanto alguns governantes ainda insistem na defesa dos bens de alguns.

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22.06.2013

Turismo Rural ou Turismo no Espaço Rural?

Vorneis de Lucia

Existe uma discussão no mundo acadêmico brasileiro a respeito da diferença entre Turismo Rural e Turismo no Espaço Rural. Acredito que esta dicotomia ocorre pois, até então, o turismo era observado, preferencialmente, dando-se ênfase no espaço turístico, no qual a classe empresarial ou mesmo os moradores que estão neste espaço são considerados como simples agentes facilitadores e comerciantes que se beneficiam do mesmo.


A partir do reconhecimento da Confederação Nacional do Turismo (CNTUR) como entidade patronal do segmento turístico, outro olhar surge: o do estabelecimento turístico, ou seja, uma atividade empresarial classificada como turística - um hotel turístico, um restaurante turístico, uma fazenda turística.


O Turismo como atividade empresarial é uma nova visão de Brasil; as atividades turísticas não serão mais classificadas como atividade comercial nem como prestadoras de serviço, mas sim como atividade empresarial turística. Esta nova abordagem quebra um paradigma de décadas, principalmente quando as atividades ocorrem concomitantemente, como é o caso do Turismo Rural.


No Turismo Rural temos uma propriedade classificada como rural, mas que, pela primazia e competência, torna-se potencialmente turística, ou seja, uma propriedade que merece ser visitada, conhecida e vivida, e desta forma agrega outra identidade como atividade empresarial turística. Alguns acadêmicos colocam o Turismo Rural como uma forma de obter uma renda complementar, nas entressafras, ou mesmo quando uma propriedade, por uma série de fatores, não consegue ser economicamente rentável e busca no turismo rural, como “bengala”, o apoio às dificuldades inerentes da atividade rural. Esta forma errada de introduzir o Turismo Rural coloca o empresário em conflito de interesses, pois quando a propriedade vai bem o turismo passa a ser desinteressante para o empresário, mas quando vai mal, busca no Turismo Rural a “salvação da colheita”. Quando o proprietário vê o Turismo Rural como outra atividade empresarial no mesmo espaço, ela torna-se perene e profissional.


O Turismo no Espaço Rural está aberto a uma infinidade de opções turísticas rurais, tais como: Turismo Rural de Aventura, Ecológico, Gastronômico, Lazer, Cultural, Pedagógico, entre outros. Entretanto, o Turismo Rural que está obrigatoriamente no Espaço Rural, tem as suas particularidades que são intrinsecamente relacionadas à atividade rural e à região da qual faz parte.  Não podemos confundir com o Agro turismo, que está voltado ao Turismo Pedagógico, onde o visitante busca conhecer os processos e equipamentos utilizados na propriedade rural, enquanto o Turismo Rural é uma imersão no modo de vida do campo.  


O Turismo Rural não substitui a atividade rural, pois é igualmente importante. Ele está no espaço rural, onde encontramos tantos outros elementos que fazem dele um retorno à vida simples e em contato mais próximo com a natureza. Para que o Rural seja considerado turístico tem que estar em uma região ecologicamente preservada, com práticas de agricultura sustentável e que preservem a vida campesina. A partir do momento que urbanizamos, seja na infraestrutura ou na introdução da cultura urbana, destruímos a essência da ruralidade fazendo com que o espaço se torne artificial e conflitante com o estilo de vida da população local.


Portanto, o Turismo Rural potencializa o Turismo no Espaço Rural, ou seja, quando o proprietário abre a porteira da fazenda para visitação, todo o espaço se aproveita deste fluxo turístico, e ambos se beneficiam mutuamente.


O nosso grande desafio é introduzir este conceito empresarial nas propriedades rurais, desenvolvendo um turismo que vai de encontro há um desejo natural e intrínseco – A vida em harmonia com a natureza.

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16.06.2013

Ordenamento Rural

Aline de Lucia

Comumente nos preocupamos com a definição de parâmetros e limites de ocupação para o perímetro urbano de nossos municípios. E quanto à área rural? Quais as consequências desta priorização do urbano em detrimento do rural?


Todos sabem que é na área urbana do município que encontramos os maiores conflitos de ocupação, as maiores densidades e as questões que envolvem, na maior parte de nossas cidades hoje, as principais arrecadações de renda do município. Por estes motivos e muitos outros, faz-se muito natural que as atenções estejam voltadas para estas áreas.

Porém, à medida que a cidade cresce e a densidade de ocupação de nosso perímetro urbano aumenta, a demanda por bens produzidos na área rural se torna elevadíssima e começamos a perceber a falta que nos faz essa produção, principalmente no que tange aos alimentos.


A expansão das cidades não apenas ocupa áreas permeáveis e acaba com a vegetação, como também expulsa a produção rural para áreas agricultáveis cujo valor da terra não seja tão elevado. Então o município fica carente de bens de consumo básicos e dependente de áreas agrícolas regionais. E quanto mais a urbanização cresce em torno de centros urbanos, maior o desafio da busca por alimentos para esta população.


Ao mesmo tempo, cidades do ‘interior’, como são chamadas nas Capitais e Regiões Metropolitanas, ganham o interesse dos cidadãos como ótimos lugares para se passear e descansar. E deste interesse, surgem Estâncias Turísticas.


Também estes municípios olham para seu perímetro urbano com mais cuidado e desenvolvem seu comércio e serviços turísticos nas áreas urbanas. O turista não respeita perímetro urbano, e logo surgem hotéis, pousadas, hotéis fazenda, restaurantes e muitos outros tipos de serviços turísticos na área rural, além de chácaras de recreio, que vão ocupando as áreas agricultáveis e elevando o valor do solo. Porém, não existe nenhuma espécie de ordenamento no território rural. E assim, mais uma vez, a agricultura é expulsa e o município se torna carente dos bens de consumo.


Em ambos os contextos, grandes metrópoles ou cidades interioranas em processo de transformação, temos sempre a questão da área vegetada, matas nativas e mananciais. Em geral, a interface entre ocupação humana e área vegetada natural está no limite entre a área rural e o desconhecido. Portanto, a área rural é o nosso primeiro contato com os elementos naturais em seu habitat. Deste modo, podemos e devemos usá-la como faixa de transição entre o desenvolvimento urbano e nossos bens naturais. Para isto, basta levarmos este aspecto em consideração e, assim, projetarmos este amortecimento de impactos.